Quinta-feira, 22 de Outubro de 2009

Mau gosto ou falta de sensibilidade

Terça-feira lá fomos visitar o Nuneca. O miudo está óptimo e concluímos que já o devíamos ter mandado ao chão há mais tempo, pois parece que o tombo lhe fez bem: foi desde essa altura que passou a fazer as noites quase todas de seguida...

 

Peso: p75

Altura:p75-90

Perímetro cefálico: fora do percentil

 

O cabeçudo, que sempre o foi (o eternamente agradável obstetra já o havia constatato nas ecos finais) tem as medidas de um miúdo de 19 meses. Acham isto normal???

 

Alimentação: alargámos o espectro do que é comestível/não comestível e o petiz agradece.

 

Quando saímos acabei por preencher um papelucho daqueles de opinião sobre os serviços porque vim do hospital furiosa. Então aqueles idiotas que administram/gerem o Hospital dos Lusíadas não colocaram (ainda que temporariamente) as consultas da pediatria no mesmo sector que a infertilidade?

Se vissem a cara de 2 casais que aguardavam para serem recebidos, bom. ATé me envergonhei de ser mãe de filho. Se isto não é uma brincadeira de mau gosto é, no mínimo, de uma grande falta de sensibilidade!

 

Para terminar em beleza fomos à tenda de casamentos que a HPP colocou no meio do jardim a fazer as vezes de bar (note-se que o tempo estava jeitosamente chuvoso) para tomar café e alimentar a cria. Dá para acredtar que não têm um microondas onde aquecer o leite do miúdo?

 

A minha paciência tem andado nos limites e por isso evito escrever (ando muito cáustica) mas deixo aqui um abraço quentinho à MAR (amanhã comunicamos querida).

sinto-me: nervosa, muito
Terça-feira, 29 de Setembro de 2009

Dia longo

Hoje tive um dia daqueles em que as horas parecem dias. Aconteceram muitas coisas e quando assim é, fico com a sensação de que as primeiras horas da manhã se encontram perdidas algures, nas folhas que já risquei do calendário.

Por partes:

-Saio de casa para a aula de Necessidades Educativas Especiais. Que dizer? É uma temática que nos interessa bastante porque é com os meninos "especiais" que temos as nossas dúvidas e inseguranças elevadas ao expoente máximo. Não é difícil amá-los. Nada mesmo. Mas é difícil "educá-los" e muito difícil integrá-los em grupos que por vezes não estão ainda preparados para os aceitar. Quando as aulas entram no esquema do debate, tornam-se ainda melhores.

-Vou almoçar. Como na carteira só tenho uma nota de 20 euros, desisto de tentar comprar uma senha para a cantina e almoço uma sanduíche e um chá. Não perdi muito porque durante estas férias, a empresa que detém a concessão do refeitório mudou a loiça toda, instituindo pires em vez de pratos, copos mais pequenos (devem estar com receio da conta da EPAL..) e umas tacinhas que parecem as molheiras do restaurante chinês do Bairro Azul.

Aproveito a hora de almoço para pôr a conversa em dia, que isto em três meses, acontecem muitas coisas: nascem sobrinhos, viaja-se, fazem-se compras, veêm-se filmes, conhecem-se pessoas, reencontram-se outras pessoas... É sempre assim o primeiro mês de aulas: o tempo não nos chega.

-Antes da aula seguinte, faço uma espécie de strip-tease porque as meninas querem ver a contusão que fiz na mama quanto espatifei o carro.

-Entro em Semináro e aviso a professora de que terei de sair a meio, mas que depois volto. Tenho consulta de Neurologia que não posso perder porque já não tenho medicamentos. Tenho de mostrar a negra da mama ao Johny antes que algumas pessoas tenham um ataque de nervos por causa da minha aparente negligência. Ela primeiro faz má cara (de quem diz "mas esta parva não tinha outra hora para a consulta?) mas quando ouviu as duas palavras (contusão e mama) na mesma frase, amenizou e disse-me que estivesse à vontade.

-Elaboro uma síntese reflexiva sobre o filme "être et avoir" que visionámos na última aula e, apesar do discurso rondar o poético, gostei do meu trabalho.

-Justamente quando estou a sair para o hospital, apercebo-me que vão distribuir os centros de estágio. Começo a tremer e até agora ainda estou agitada.

-Chego ao hospital, acelerada, com pressa de voltar e grata pelo meu dr. House não ser homem de atrasos. Receava era o tempo em que estaria à espera do Johny. Mas eis que o neurologista me surpreende e não chega a horas. Bolas. Trocam-se mensagens para saber como estão os ânimos na escola. Segue-se o "smsálogo":

Maria para mim: ficaste com manuela. Eu tb!

Eu para Maria: onde?

Maria para mim: ja digo

Eu para F: a minha tutora é a mulher do joão rosa. tou no hosp

Eu para Johny: Ola! Jà estou no hosp na neurologia mas parece que o dr. House ainda não chegou. Depois ja passo aì, ok? susana

Eu para Maria- Aiii, pertinho sff

Eu para Maria- A sara tb tem a manela?

Maria para mim- Si sara tb. Ja vai sair o sitio lol

Eu para Maria-Lol. Parece a lotaria. Lol

Maria para mim- Sim. Tas n msm sitio d ano passado. Cm ana mends e a eliana

Eu para Maria-Porra! Quem é eliana?

Eu para F- Lá vou levar com a **** novamente. Acho que preciso de ir à bruxa.. (não... não foi uma asneira que eu escrevi, mas não quero dizer o nome da senhora)

Maria para mim- A moca nova

Eu para Maria-E a ana mendes não refilou de ficar no mm sitio?

Maria para mim- Nao. Lol. Ficou td contente lol

Eu para Maria- É maluca!

 

Nisto sou chamada para o gabinete e a consulta decorre como sempre: rápida e eficaz. O médico é assim para o antipático, ou melhor, parece-me que tem uma grande falta de humor, mas fez o que até agora nenhum conseguiu: arranjar-me um tratamento eficaz. Passa-me receitas em triplicado, mede a tensão que está baixa mas tencionava era medir a pulsação que estava a 125. Pudera! Com os meus dedos a tamborilar em tudo o que é sítio e os pés a baterem ritmos acelerados, lá saí com a justificação de que não tomava o inderal há três dias, ah e tal... sendo assim, está bem. Volte cá no final do ano para iniciarmos o desmame.

 

Saio dali convencidíssima de que não vou fazer desmame nenhum. Que vou tentar. Mas que não vai resultar. Contudo aguardemos e digamos como "o outro": prognósticos só depois do jogo.

 

Acelero até ao outro bloco mas vejo o Johny sentado na magnífica tenda que a HPP teve a amabilidade de montar mesmo no meio do jardim para servir de bar, a degustar um dos magníficos cafés que servem habitualmente naquele bar (daqueles que trazem um brinde chamado "borras") e dirijo-me mas é para lá.

 

Depois de um interlúdio em que fui alvo de chacota por parte do meu ex-obstetra (e aqui interrogo-me sobre a curiosidade mórbida que o Homem tem quando o assunto são acidentes de viação e que tantas filas provoca por essas estradas fora), lá seguimos para o gabinete para mostrar a mamoca acidentada: menos mal, não é nada, está a curar-se, o sangue a ser reabsorvido pelo organismo. Obrigada e vou voar para a escola.

 

Mesmo a tempo :)

Mesmo a tempo de ver a malta sair do anfiteatro. Mesmo assim fui lá e deparei-me com as cenas habituais deste dia D: "ah e tal, poque eu moro em Freixo de Espada à Cinta e fui colocado na Meia Praia e a Maria ou o Manel moram na Meia Praia e foram colocados em Freixo de Espada à Cinta.

O assunto "trocas" ficou em águas de bacalhau e a coordenadora de curso lá me atendeu, debatendo nós o local do meu estágio bem como o da Mendes, pois não é suposto repetirmos instituições. Soube então que a tal senhora se reformou e que a minha antiga cooperante ocupou o cargo dela, pelo que as três salas disponíveis têm novas educadoras e assim não se repete nada. Menos mal. E curiosamente neste instante acalmei um pouco. E percebi que não me apetecia ficar com a mesma cooperante nem ter por directora a tal senhora.

 

Também defini com a coordenadora o meu plano de estágio, uma vez que terei de fazer um 2 em1, precisamente porque o ano passado a 2 em 1 era eu e não o pude concluir.

 

Pego no carro (o do meu pai, pois claro, que é quem apaga sempre os incêndios) e na Maria e rumamos em direcção à casa da minha progenitora para ir buscar a minha cria. Bem... aquele IC19 é um stress. Curioso é que só me apercebo verdadeiramente disso desde que o troquei pela A5 (mas dados os últimos acontecimentos, inclino-me a pensar que a A5, pelo menos até que termine esta saga eleitoral, anda muito semelhante ao IC19). Lá chegamos, finalmente, e a Maria nem quer acreditar no que vê: um rapagão giraço, meio ruivo, a quem ela chamava "bebé" e agora chama "dudu". Ele, como sempre, demonstrou o fascínio que tem por ela, acedendo mesmo à troca de colos, do avô paterno (a paixão dele) pelo da Maria (o seu affair de fim de tarde, digamos). Voltamos, deixo a Maria numa estação da CP (tecnicamente são da Refer, mas enfim) e não tenho muito mais para contar porque desde que cheguei a casa e até agora (meia noite em ponto), foram váras as vezes que interrompi a escrita deste post para colocar uma chucha e apaziguar um sono que tardava em vencer a grandessíssima birra temperada a gritos, lágrimas e soluços do meu pequeno tirano.

 

Depois olho para ele, esqueço-me dos momentos em que desespero e penso: é tão bom estar de volta...

sinto-me: estafada
Sexta-feira, 29 de Maio de 2009

No Pediatra

Pensámos que depois das vacinas na 3ª feira o Eduardo se portaria muito mal no Pediatra. Engano nosso. Fez o seu mais belo sorriso para o Nuneca e só chorou na palpação da barrigota (perguntei ao médico se era um procedimento que doía, ao que me respondeu que sim).

 

O nosso primogénito saltou do percentil 75 para o 90 (o cefálico está mesmo nos 95, espero que seja sinal de inteligência e não de casmurrice). Digamos que está, portanto, "magrinho". O que lhe vale é que mantém a proporcionalidade peso/estatura, senão tínhamos "o burro nas couves".

 

Todo o exame estava "ok" com excepção dos dois problemas detectados no coração (que em princípio desaparecerão por volta dos 12 meses) e da crosta láctea. Esta não é preocupante nem vamos intervir, por enquanto. Mantemos apenas o remédio "caseiro": óleo de amêndoas doces e pente fino.

 

Ah! O facto de se babar como um S. Bernardo, de andar sempre de mão na boca e de trincar tudo o que apanha, não é devido aos dentes. Ou melhor, é. É um processo natural de desenvolvimento que significa que a boca se está a preparar para a dentição. Mas não significa que os dentes estejam já a rebentar, apesar do engrossamento das gengivas.

 

O problema de obstipação (não sei se já o havia mencionado) permanece, o que levou a uma mudança de leite: o Nuneca sugeriu o Nan Transit (ao invés do Nan Premium que vínhamos a dar) e meia tampa de Leite de Magnesia, duas vezes ao dia. Claro que em último recurso temos o Bebegel. Ultimamente tem sido usado quase todos os dias, mas acho que massacra um bocado a criança e se pudermos resolver de outro modo, melhor.

 

O médico julga que veremos resultados quer do leite, quer do medicamento em cerca de duas semanas. E temos a esperança que com "tripa limpa" a criança comece a comer mais que os 120ml, mas com menor frequência (sobretudo à noite, onde à semelhança do que acontece de dia, faz religiosamente intervalos de apenas três horinhas).

 

Em relação ao comportamento, o meu filho, bem como os avós, andam a ser reeducados. Agora quando faz birra e chora, não se lhe pega ao colo. Pega-se quando não está aos gritos. Isto porque, como diz o Doutor Mário Cordeiro, eles nascem com um doutoramento em manhas e birras. Andamos num jogo de forças, o qual estava claramente a serganho pelo Eduardo. Hoje já virámos o resultado e a pobre criança chorou mais de uma hora seguida por birra. Partiu-me o coração, mas foi remédio santo: passou o resto do dia muito bem disposto e recebeu muito colinho (nunca quando chora por birra).

 

Há bocado fez uma mega-gritaria mas essa era birra de sono. E essa é outra batalha que não quero travar por agora. Prefiro dar-lhe mimos e adormecê-lo e a seu tempo introduzir outros hábitos.

 

Voltamos aos quatro meses e o assunto da ordem do dia será a diversificação alimentar (já trouxémos a "pastinha" para estudar)

Terça-feira, 5 de Maio de 2009

No neurologista - Fix me please...

Hoje lá fui a caminho do hospital para a consulta de Neurologia. Esperava mais do mesmo e foi mais ou menos isso que aconteceu.

 

O médico é um indivíduo estranho, um pouco seco (ou pouco simpático) mas para meu grande júbilo, confidenciou-me que a sua área predilecta dentro da Neurologia é a cefaleia. Bingo! Percebi logo que estava no sítio certo e espero não me enganar.

 

Ao ver o meu processo (uma pasta grande que lá caíu de pára-quedas e que não é mais que uma ficha da minha alta após o parto) disse-me logo:

-Deixe-me adivinhar. Tem dores horríveis e na gravidez esteve óptima.

Pois foi mesmo isso... Parece que é comum. Diz o médico que na menopausa me vou sentir melhor. O farmacêutico aqui da aldeia tem uma sugestão mais simpática- engravidar de novo.

 

Ora como qualquer uma destas alternativas se apresenta a uma distância temporal demasiado grande para deixar a coisa sem tratamento imediato (sejam 2 ou 20 anos), fez-me uma série de perguntas sobre as características da dor, despistes de coisas menos boas (bendita imagiologia) e tratamentos passados.

 

Basicamente, as minhas dores de cabeça são mesmo enxaquecas . Deu-me uma folheca com um esquema para assinalar os dias de dor bem como a sua intensidade (diz que é muito importante para traçar uma estratégia) e para já, um medicamento que também me vai ajudar com a pressão arterial e o batimento cardíaco, além de um comprimidinho em SOS que se espera milagroso. Disse ainda que não me quer a beber cafés (autoriza o "um ou dois" que lhe disse tomar diariamente para aguentar as aulas de olhos semi-abertos) pois há pessoas que têm cefaleias precisamente por beber café a mais. Dentro de dois meses quer ver-me de novo.

 

Só tinha ido uma vez a um neurlogista e não morri de amores por ele. O meu instinto não se engana e soube hoje que andei mais de um ano a tomar uma porcaria de um medicamento que me rebentou o estômago e que não está provado ser eficaz na profilaxia da enxaqueca. Quando muito teria apenas um efeito analgésico nos "dias maus", coisa que não se verificou.

 

O que mais gostei no homem foi a sua cara impávida e serena quando respondi à pergunta sacramental:

-O que é que toma quando lhe dói?

-Tudo! Tomo qualquer porcaria que me tire a dor!

-Exemplos?

-Anti-inflamatórios, aspirinas, dolviran (aspirina com "aditivo"), tudo o que eu saiba que é analgésico e que apanhe à mão.

 

Não ralhou, disse que posso tomar o que me tirar as dores, contudo o melhor é mesmo apostar no tratamento profiláctico (diariamente) e num analgésico potente para aqueles dias de caixão à cova que deve ser tomado não no auge da dor, mas quando me apercebo que vai ser uma "daquelas".

 

Venho então com uma receita na mão que na farmácia descubro estar mal preenchida. Lá no hospital têm uma adoração pela "Lei do Menor Esforço" e as minhas etiquetas de utente não têm o número de beneficiária do SNS. Nelas consta apenas o número da Multicare que não serve para a comparticipação do estado nos medicamentos. Ora como os analgésicos de SOS são sempre baratinhos, lá deixei 14 euricos para três míseros comprimidos. Valem-me os amigos que trabalham nessas coisas das batas brancas e lá ligo a pedinchar uma receita, coisa chata porque oiço logo "e vais tomar isso porquê?". Mas para reaver os trocos da comparticipação estatal (que ainda dá para um almocito no restaurante chique do palhaço sorridente) vale a pena justificar a toma com a lengalenga do costume.

 

Está feito. As caixinhas repousam ao lado da Nespresso e a folhinha do "diário da nossa paixão" já está encaixada no filofax, pronta a receber o registo diário deste meu fado.

 

 

sinto-me: cansada
Sexta-feira, 24 de Abril de 2009

As consultas

Por vezes parece-me que aquele hospital existe para me desequilibrar as finanças. Mas a verdade é que me sinto bem tratada lá, o F também gosta e acredito que da oferta que temos na zona, é o melhor sítio onde posso levar o meu filho. 

Poderia até fazer uma dissertação sobre os motivos que me levam a preferir o privado em detrimento do SNS, mas acho que os motivos são óbvios (em todo o caso, desde o parto que tenho um post pensado sobre o assunto que sempre dará para rir um pouco, ou chorar- dependendo da perspectiva, só que ainda não tive tempo nem presença de espírito para o escrever). Posto isto, posso adiantar que em três dias gastei meia centena de contos (entre implanon, sua colocação, consultas e a vacina para o besnico).

 

A história desde o início reza assim: decidi colocar o Implanon por vários motivos. Após o parto, estive mais de mês e meio com hemorragia (embora nada de alarmante) e acreditámos que se devia à pílula (própria para amamentação). É um dos efeitos secundários da Cerazette e a perspectiva de ter hemorragias irregulares e inesperadas era algo que não me agradava nada. Também não me agradava a ideia das limitações normais da pílula (mesmo quando passasse para outra): perda de eficácia com administração simultânea de antibióticos, na presença de vómitos ou diarreias, inibição de consumir álcool perto da hora da toma (he he he, não é que me meta nos copos mas como a tomava sempre à noite, num contexto social lá tinha de abdicar do meu Martini ou Baileys) e a óbvia desvantagem da menstruação. Decidido o método, lá marcámos o procedimento para a passada terça-feira.

 

Estava cheia de medo (quem me conhece sabe que sou uma grande medricas) porque em casa abri a caixa do Implanon e juro, o tamanho da agulha impõe respeito. Lá fui para a cadeirinha dos horrores, desta vez com um acessório extra (obrigada enfermeira P.)- um tabuleiro que transforma a cadeira em marquesa e que me permitiu relaxar as pernocas equanto fiquei ali deitada de braço em riste, aguardando por aquele milagre da medicina que se chama anestesia. Nunca levara uma anestesia local. O Johny picou nalguns sítios e parece-me que transformar o meu antebraço num passador foi o seu momento lúdico do dia. É que além das picas para anestesiar, houve as picas (mais leves) para testar a sensibilidade: "Aqui dói? E aqui dói? Mas aqui não dói, pois não? E aqui?"

Se excluirmos as picas, o resto do processo não doeu na-di-nha. Até estivémos na converseta, que aquilo é tudo boa gente.

 

Terminada a introdução da "coisa", passámos à secretária e fomos ver as análises. Estou muito chateada porque pela primeira vez na minha vida, estou com colesterol. O médico não fez alarido (também... nunca faz...) e disse que era aceitável. Mas aborrece-me porque a minha tensão tem andado alta e a combinação dos dois não é grande ideia. Agora só volto lá em Setembro mas em contrapartida, na próxima semana estou de novo no hospital, só que para uma consulta de Neurologia. Quase que aposto que vem lá mais do mesmo e que vou continuar a ignorar as causas das minhas frequentes e intensas dores de cabeça. "É das tensões..." diz o Johny e aqui esta mãe começa a achar que sim e que vai ter de conviver com elas até ao final dos seus dias.

 

Terminada a consulta, vou pagar e descubro que a Multicare não comparticipa "a coisa" com um tusto sequer. Imbecis! Valia mais comparticipar os contraceptivos que os partos, he he he!

 

Na Quarta-feira era a vez do meu petiz. Com os atrasos a que nos habituámos desde que este pequeno tirano faz parte das nossas vidas, lá fomos stressados até aos calabouços onde fica o serviço de Pediatria. Pedi desculpa pelo atraso (também foram só 10 minutos) e soube que não havia qualquer problema porque a consulta estava atrasada quase uma hora. Calhou bem porque entretanto era a hora da paparoca, que isto "a fome é negra" e quando lhe toca, arma o berreiro.

 

O Nuneca vem receber-nos e a primeira coisa em que reparo é na bela t-shirt que trazia vestida, do Dr. Mouse (uma clara alusão ao House, que eu adoro). Este médico tem um excelente sentido de humor, característica que é muito apreciada por esta mãe que adora rir. Não há dúvida que a t-shirt lhe assenta bem e talvez por saber isso, andava de bata aberta, he he he!

Ao receber-nos, a sua primeira deixa foi "Éh pá! Tu 'tás pequenino e magrinho!!!".

Falámos da comida (sempre o mesmo problema), dos cócós, do desenvolvimento de uma forma global. Falámos das vacina e combinámos o esquema a realizar com as duas não obrigatórias e que não fazem parte do Plano Nacional de Vacinação. Começa pela Rotarix e aos 3 meses faz a primeira dose da Prevenar.

 

Procedeu-se então ao exame físico: passaria com distinção, não fora o malfadado sopro e ainda outra anomalia cardíaca detectada no ecocardgrama (tudo coisas que desaparecerão com a idade). Eis que a minha criança passa do percentil 25 para o 75 e agora está proporcional, pois tem o mesmo percentil no peso, estatura e perímetro cefálico. Temos, portanto, um belo leitão aqui em casa.

 

O Nuneca colocou-nos à vontade para escolher o timing da próxima consulta: oficialmente seria aos quatro meses, se queríamos fazer antes. Claro que queremos. Aos três vamos lá de novo, que aqui esta mãe prima pela insegurança e ansiedade e nada como ouvi-lo dizer "está tudo bem".

 

Adoramos o nosso 'Pedi'!

sinto-me:
Domingo, 5 de Abril de 2009

A consulta da mãe

Mês e meio se passou e eis que chega a altura de ir verificar se o corpo recuperou bem do parto.

Aperaltámo-nos, mãe e filho, e com o pai e a avó para dar apoio lá fomos a caminho do hospital.

 

o Johny veio cumprimentar-nos e nem conheceu o petiz. Eu até já tinha saudades dele. E o petiz deve ter pensado "Ui! Lá vem este sujeito de novo, o que quer agora? Não me toques ó meu!"

Calma filho... ele agora já não quer nada contigo, é só com a mãe. Depois um dia vai querer com o mano também, mas agora temos de ver se a mãe está bem...

 

E está :)

Uma converseta na secretária, uma visita à cadeirinha dos horrores, uma eco com sonda e decisões a tomar. Então a costura está praticamente sarada, as mamas estão bem, há um folículo grandote que deve sair sozinho e o sangue que ainda tenho deve ser do Cerazette. Por isso (e por causa da ineficácia da toma da pílula na presença de antibióticos, diarreias, vómitos, etc.) optámos pelo implante. Espero é que aquilo não custe a pôr... E pode ser também que nesse dia se consiga fazer uma citologia, que cm sangue não dá para fazer a recolha.

 

Lá voltámos "na mecha", pois quando nos preparávamos para fazer um "bibas" para o Eduardo, constatámos que a idiota da mãe levou tudo para o preparar, menos o próprio biberão... Vá lá que se aguentou até casa a dormir :)

 

Chegámos, comeu e fizémos uma sessão fotográfica para arranjar uma fotografia jeitosa que a avó anda a exigir há uns tempos... Querem ver? ;)

 

 

 

sinto-me: bem
Quarta-feira, 18 de Março de 2009

A 2ª consulta

Como tinha dito, hoje fomos ao Nuneca com o besnico. Um pequeno senão e estaria tudo maravilhoso:

-fizémos bem em mudar de leite: são muito semelhantes mas têm paladares diferentes, pelo que o bébé tem direito a gostar ou não;

-As ranhocas no nariz são normais: colocar soro para amolecer e aspirar sempre que for preciso;

-A cabeça tem maleabilidade suficiente para não termos de nos preocupar por agora (porque está sempre virada para o lado direito, mas mesmo assim vamos tentar contrariar).

-As borbulhinhas são normais: são provocadas pelo excesso de produção de sebo e passam sozinhas;

-Podemos ir a Espanha na boa, apenas teremos de fazer paragens frequentes para descansar;

-Podemos passear à beira mar, evitando as horas de maior calor;

-A mãe pode comer marisco se não exagerar. Se notarmos alergia no bébé, temos de ir ao hospital;

-Aumentou 700gr desde a última consulta há duas semanas;

-Cresceu quatro centímetros;

-Aumentou o perímetro cefálico;

-Está no percentil 50 de peso, 25 de comprimento e 50 de perímetro cefálico;

 

O senão...é que tem um sopro no coração e por isso hoje vamos fazer um ecocardiograma. Está visto que o dia foi tirado para o hospital... mas não há-de ser nada :)

(parece que é normal nos bébés e como a mãe também tem, não está nem aí!)

sinto-me: contente
Sábado, 7 de Março de 2009

Da depressão

Julgo que é normal termos ideias pré-concebidas acerca do parto e da maternidade. Por estas bandas, tentei sempre não criar demasiadas expectativas, até porque o medo era muito. Não neguei nenhum tipo de procedimento, à partida, e ainda bem porque o Eduardo acabou por ter de ser ajudado pela ventosa e eu acabei por ter de ser submetida à episio. Nâo fiquei chocada nem foi isso que destruíu a minha alegria.

 

O que nos destrói a alegria é o facto de romantizarmos demasiado o momento. É o facto de acharmos que a partir daquele instante somos mães, quando na verdade já o somos desde o dia que pensámos na possibilidade de engravidar e em que tudo fizémos para que acontecesse. O processo de "ser mãe" começa antes da concepção, antes de se materializar no nosso ventre, antes dos gâmetas bem sucedidos.

 

Ando de rastos. Arrasto-me nos dias, aguardando por outros melhores e não imaginam o quão bem me faz escrever aqui, saber que sou lida, sobretudo agora que me apercebi que tenho muito mais visitas do que imaginei. Após o parto recebi muitos comentários de pessoas que não conheço e me dizem que há muito que seguemeste "diário", simplesmente nunca tinham deixado comentários. Acreditem que esses comentários são uma pomada milagrosa para estas feridas abertas.

 

Por isso mesmo, um OBRIGADA a todos quanto nos visitam aqui, com ou sem comentários, com maior ou menor assiduidade.

 

Muita gente me perguntou sempre o que sentia na depressão. Nesta, a pós-parto, o sentimento não diverge, simplesmente a experiência ganha com os anos de convivência com esta doença permitem-me agarrar desde logo nas armas para a combater. Até porque neste momento existe uma condicionante que me espicaça a continuar, cada dia, para que não me afunde naquele poço profundo de onde já fui resgatada à beira da fatalidade: o meu filho MERECE uma mãe presente, saudável, que lhe proporcione o bem-estar que um ser pequenino requere ao chegar a este mundo.

 

O que sinto é uma enorme angústia, uma insegurança natural, uma ansiedade sem explicação visto que tudo está bem com o Eduardo. Estamos a fazer tudo bem e mesmo assim sinto-me uma incompetente, com a auto-estima no chão que pisamos. Sinto-me desamparada. E estou? Não! Tenho um marido presente e cooperante, uma mãe fantástica que não dá palpites, limita-se a cuidar do nosso bem estar tratando-nos da comida, da roupa, da organização da casa que de repente se tornou caótica. Tenho uma sogra maravilhosa que sem queixumes nem cobranças faz tudo o que pedimos, aparece quando é necessária, dá-nos espaço quando necessitamos dele. Tenho um pai e um sogro babados que tentam não mostrar a sua preocupação perante este estado e amparam-me o filho para que possa descansar uns escassos minutos. Tenho tudo. E sinto-me sem nada.

 

As consequências são rios de lágrimas que deixam os presentes tristes e desesperados. É uma falta de apetite que me faz ver magra como há muito não via (ok, também perdi aquele barrigão, é certo). É um quase não dar pelo cansaço acumulado que, no entanto, se reflecte no humor e no corpo: sinto-me febril constantemente sem ter qualquer ponta de febre.

 

A hipersensibilidade do momento faz-me perder a vontade de ver pessoas, de sair de casa, de atender telefonemas, de fazer as coisas que gosto. Aos poucos tento contrariar esta tendência e ontem, a voltar da consulta, dei por mim a apreciar o momento de empurrar o carrinho do Eduardo pela noite já escura, Avenida da Liberdade acima.

Agora aguardo ansiosamente que a rotina, tão necessária numa depressão (quem diz mal da rotina não lhe sabe dar mesmo o valor), se instale de armas e bagagens para poder passear, apanhar sol, cheirar a Primavera e gozar melhor estes momentos que sei únicos e que a doença me faz desejar que desapareçam.

 

Da consulta...

Realmente sou uma sortuda com os meus médicos. A Inês encaixou-me ali no meio de consultas para que não esperasse muito com o bébé. Assim que cheguei, entrei na vaga seguinte. É injusto para quem está à espera e detesto estas coisas, mas não me demorei e agradeço muito o gesto. É muito difícil sair com o bébé sem ter ainda uma bagagem para lidar com os horários inconstantes dele.

Ajustámos a medicação, mantendo afastadas as benzodiazepinas, para que possa continuar a insistir na mama, mesmo que o resultado seja tão inglório. Em 15 dias deverá fazer algum efeito e se não for suficiente, fazemos nova dosagem. Não queremos nada muito abrupto mas o que tiver de ser, será.

Também vim feliz por termos a clara noção de que esta depressão não é tão forte como a de algumas mulheres que ficam completamente incapacitadas para cuidarem dos filhos. Não. Aqui o passado assume as funções de "manual de sobrevivência" e a rápida actuação, bem como os mecanismos de defesa que entretanto fui criando, ajudam a amenizar o problema.

 

Resta-nos aguardar e ter esperança de que melhores dias virão.

sinto-me: deprimida
Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

Qua-ren-ta (40)

É o dia redondo.

 

Às 40 semanas cá estamos os dois, ainda em um, prestes a entrar em "números negativos".

 

Depois da perda do rolhão, não parei de excretar muco ensanguentado. As contracções aumentaram de frequência, algumas um pouco mais dolorosas, e os ossos que temos entre o umbigo e as coxas doem-me como nunca doeram. Também não consigo dormir mais de quatro horas por noite. E o serão de ontem, a noite que passou e o dia de hoje foram "de cão".

 

Hesitei mas lá decidi mandar um sms ao médico, por causa do sangue ser vermelhinho, que me mandou aparecer lá "ao fim da manhã" que é como quem diz "três da tarde".

Eu juro que da próxima vez que me mandar ir a essa hora, levo-lhe a marmita com o almoço porque, ao que parece, não almoçar tornou-se ali uma rotina (qualquer dia tem um buraco no estômago!).

 

Estavam lá a Gisela e o seu leitãozinho, amoroso e lindo como sempre. E como minha "amiguinha" que é não se calou com um "ahhh...'tás assim? Já não sais daqui..." e o F. delirava com a opinião.

 

A Generala-Mor esteve lá a dar-me umas dicas, que eu agradeço porque até vêm de encontro ao que imaginei. Desejo que ela também lá esteja na segunda pois faz-me sentir bastante à vontade.

Também soube por ela que um passarinho que por lá passou comentou o meu toque de 4ª feira, o que me faz suspeitar do ar comprometido do médico quando respondeu à minha pergunta de "sou só eu ou as outras mulheres também reagem assim a estes toques" com um "sim, é uma reacção mais ou menos normal". Está agora provado: sou uma grande maricas!

 

Nota: a enfermeira arrependeu-se logo de se ter descaído e acabou por se desculpar com um "obviamente que não andamos a falar disto com toda a gente..."

 

Mas na cadeira dos horrores, tive sorte. O Dr. prometeu que não me ía massacrar e cumpriu. O peixinho tem a cabeçorra mais encaixada (deve ser isso que me provoca as tais dores) mas continua muito subido.

 

Agora é assim: ou ele decide e vem ver a malta no fim-de-semana, ou seunda-feira vai a malta vê-lo a ele...

 

E as melhoras para o J. júnior com um "beijinho mágico" no dódói. Daqueles que curam tudo...

sinto-me: com muitas dores
Quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009

As novidades

Lá fomos ter ao hospital às 14:00h, como bem mandados que somos, e subimos ao piso 2 (o da maternidade e ctg).

Revimos a enfermeira M. com quem não nos cruzávamos desde o início da gravidez. É um doce, nada a ver com o furacão da Generala e da Generala-Mor. Ao contrário das outras duas (que mesmo assim adoro), tem uma voz doce o que nesta altura, convenhamos, me sabe muitíssimo bem.

Ctg demorado, equanto o médico almoça (e já bem fora de horas, coitado), eis que passa no corredor uma maca com uma mamã que acaba de o ser e um ser que acaba de ver o mundo deste lado pela primeira vez. É impossível não nos comovermos.

 

Tensão arterial ok, umas contracçõezitas a denunciar o estado avançado (àquela hora do dia era novidade, que elas costumam atacar é de noite, quando o cansaço já se sente), um bébé que de vez em quando mostra que precisa de outra posição para se sentir confortável no agora "habitáculo de smartfortwo"  que já foi, em tempos, uma bruta autocaravana.

 

Seguimos para o consultório. Não estava nervosa e sabia o que me esperava, mas por mais que nos tentemos preparar, no momento o nosso corpo ganha uma vida própria que é comandada por tudo menos pela nossa racionalidade.

Doeu. Muito. E mais não vou dizer.

 

Diz o Dr. que a coisa está bem mais favorável que da última vez (e eu acho que a culpa é dele), mas sim, reconheço, este miúdo já estava a precisar de alguma ajuda para perceber que há uma porta de saída. Pequenina, mas está lá e ele vai ter de a encontrar.

 

Custou-me sair de lá com uma data para a sina mas aí há que reunir cada pedaço de humildade que se encontra espalhada em mim, para reconhecer que é tempo de. Quanto ao paizinho... já manda foguetes.

 

Será Peixes.

 

 

sinto-me: cansada...
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