Pondo para trás das costas os meus desgostos e preocupações, tenho um grande motivo para viver com a certeza que, à semelhança de 2008 em que engravidei e 2009 em que pari, 2010 vai ser também um ano em grande.
Que seja o ano em que te completas. Que sejam muito felizes os 3... ou 4... ou 5... (eu sei que agora é só um(a) mas falo já para o futuro pois desejos destes não têm prazo de validade.)
Adoro-te!
Não sei se isto acontece com todas as mulheres (ou pelo menos quando se trata do primeiro filho), mas notei que ao longo destes nove meses as minhas preocupações relativas à gravidez foram mudando consoante a fase da gestação, oscilando entre as insignificâncias do que é material e a ansiedade do que não podemos controlar.
1ª fase:
O teste dá positivo. Estará estragado? É mesmo verdade? Vou mesmo ser mãe? Deixa ver outra vez... vou orientar o candeeiro para aqui para ver melhor.
Nesse dia, andei com o teste na mala o dia todo. De vez em quando tirava-o, às escondidas, para ver de novo que mesmo quase invisível, a risca estava lá.
Os primeiros medos foram de que estivéssemos enganados e todos os dias o F perguntava se o período tinha dado sinais. Ele teve mais dificuldade em acreditar que eu. Ao fim de dois dias convenci-me e mesmo com ele pouco convicto ainda, contámos aos nossos pais.
2ª fase:
Não contámos a mais ninguém. Quer dizer... havia o blogue, mas por esta altura os familiares ainda não o conheciam. Acho que contei na escola a algumas colegas.
Porque o segundo medo foi que não se aguentasse (sobretudo depois do que aconteceu à Ana estar ainda tão fresco na minha memória) tudo era feito com cautela: não fazer esforços muito grandes, ter cuidado com o sítio onde se põe os pés (tenho horror a tralhos mas no verão de 2007 dei mais que muitos), observar minuciosamente o papel higiénico a ver se algo rosado ou vermelho aparecia...
Exactamente um mês após o teste positivo, apareceu o maldito cor-de-rosinha no papel. Nas urgências soubémos que estava tudo bem, mas não deixou de ser um alerta e ainda só estávamos nas (salvo erro) 8 semanas.
A primeira consulta com o que seria o nosso médico (2ª consulta na gravidez) tranquilizou-nos mais, com uma eco e exames pormenorizados, orientações para o futuro e uma segurança maior no que respeitava à viabilidade do nosso filho.
3ª fase:
De tudo o que mais me abalou nestes 9 meses, vou eleger os minutos que decorreram durante a ecografia das 12 semanas para o rastreio combinado. Temia aquelas medidas mais do que qualquer outra coisa. Não me importei com as análises de sangue, nada, era ali que o meu medo residia.
Não conhecia bem o médico, era apenas a segunda vez que o via. A expressão retraída sempre que se concentra num assunto fez com que me passasse tudo e mais alguma coisa pela cabeça.
De comum acordo tínhamos decidido (eu e o F) que não queríamos levar por diante uma gravidez que nos trouxesse um filho deficiente. Temos os nossos motivos e aqui não admito julgamentos, mas na verdade, depois de ver aquela eco, aquelas imagens, aquele "ser" que para todos os efeitos já era o NOSSO FILHO, juro que preferia morrer a ter de decidir se queria interromper a gravidez ou não.
Aquela expressão concentrada do médico enquanto eu via claramente que ele estava a observar e medir a TN ainda hoje me assombra o espírito, só tranquilizado com o sorriso dele quando perguntei se estava tudo bem.
Nada nos garante que está mesmo tudo bem, como ele nos disse, mas tanto quanto é possível prever através deste tipo de rastreios (que têm limitações), não há nada que indicie que o bébé tem problemas.
E nunca me esquecerei do que ele disse após eu me rir perante a contagem do número de dedinhos: "pois é, temos de nos concentrar em alguma coisa para não nos preocuparmos com as outras". Foi algo do género, que é bem verdade. Quando eles nascem perguntamos logo se tem todos os dedos das mãos e dos pés, mas... e o que interessa realmente?
Na verdade não interessa nada porque depois eles estão ali e faremos o que for preciso para que vivam, cresçam, sejam felizes: eles estão ali e nós amamo-los incondicionalmente na normalidade ou fora dela.
4ª fase:
Aqui começámos a ajeitar o ninho. Fiz listas onde acrescentei coisas, onde risquei outras, onde chateei tudo e todos com perguntas... e comecei a gastar dinheiro. Sempre com medo que algo faltasse à criancinha.
Inicialmente investigava na Internet para escolher o melhor produto, que oferecesse maior segurança, da melhor marca, ao melhor preço. Esta foi a preocupação do Verão e aí até ao meio da gravidez: compras, enxoval, necessidades materiais. E tudo para mais tarde perceber que sim, é verdade que faz falta muita coisa mas não necessitamos de todos os produtos com que as marcas nos assediam. E também não é preciso comprar tudo de grandes marcas. Neste campo é preciso racionalizar a questão e ter sempre presente que na verdade, os nossos filhos só nos pedem AMOR.
5ª fase:
A meio da gravidez, em pleno estágio, apanhei um susto. Não sabia o que era mas andei muitos dias a sentir-me muito mal, com muitas dores e cada ida para o Jardim-de-Infância estava a tornar-se um suplício, até porque as dores íam-se agravando de dia para dia.
Concentravam-se na parte baixa da barriga e de vez em quando sentia picadas horríveis como se me estivessem a enfiar uma faca de baixo para cima, o que me fazia a seguir sentir uma pressão enorme de cima para baixo.
Um dia cheguei ao J.I. contorcida, conduzida pelo F, pois já me tinha decidido a voltar para casa nesse dia. Fui apenas entregar uns materiais que preparei para as crianças trabalharem, mas nem era capaz de conduzir. Quando contei o que se estava a passar, a directora do J.I. assustou-me imenso e entrei num tal estado nervoso que comecei a chorar compulsivamente (não é de surpreender porque ela nunca jogou com o baralho completo...). Valeu-me a minha Educadora Cooperante que me acalmou os ânimos e me aconselhou a ir às urgências, com urgência mesmo. Fiquei ali um pouco com ela, o suficiente para ela sentir a minha barriga como um tijolo e dizer-me "são contracções, acontece, não te assustes".
Liguei ao médico e lá fomos. O Dr. Fofinho que estava nas urgências foi impecável, minorizou o assunto o que me tranquilizou, mas aqui apercebi-me da fragilidade do nosso corpo e da realidade dos bébés prematuros.
Tomei decisões que de certo modo me prejudicam bastante na escola, mas foi mais um modo de garantir o bem-estar do Eduardo e um resto de gravidez mais tranquila.
6ª fase:
Tudo o que era novidade me assustava: dói-me aqui, senti isto assim, assado... precisava sempre de uma resposta lógica para tudo. Sempre que o rapaz começava com soluços ficava triste porque achava que ele estava a sofrer. Sempre que me doía o diafragma, achava que ele podia estar a sofrer. Sempre que me pesava, achava que ele podia não estar a crescer.
7ª fase:
Comecei a pensar no parto. Aqui imaginava tudo e mais alguma coisa, mas queria mesmo era que não doesse. Bom... ainda quero. Sou muito medricas, muito sensível à dor e aterroriza-me relembrar as imagens que vi no youtube (bem sei... deveria ter-me ficado pelas imagens do 1º banho dos bébés, mas a curiosidade foi maior).
Por um lado (o meu lado racional de que tanto me gabo), queria muito um parto vaginal. Bom para o bébé, bom para mim, bom para a nossa carteira. Tenho a clara noção de que se foi assim que a natureza nos "programou" é porque é o melhor modo de parir.
Por outro lado (o meu lado maricas) deseja uma cesariana. Algo como: dão uma pica, fazem um corte, tiram o bébé, fecham o buraco e já está! (o que vale é que sei que as coisas não são assim, o que sempre me demoveu de eleger a cesariana a menos que seja totalmente necessário).
8ª fase:
A vida intra-uterina do Eduardo está prestes a acabar-se. E mais uma vez as minhas preocupações mudaram de rumo. Como será tê-lo aqui fora? Como será lidar com tudo o que aí vem e para a qual não temos nenhuma preparação? Como será lidar com a maternidade se nestas coisas não existem livros de receitas?
Depois interrogo-me se vou ter a paciência necessária, se daqui por uns tempos ainda vou querer ser mãe de três, se vou conseguir ultrapassar os primeiros tempos sem contrair uma depressão pós-parto (e para prevenir isso vou à psiquiatra assim que ele nascer).
Os pensamentos evoluem numa barra cronológica que me coloca primeiro perante um bébé, depois perante uma criança, um pré-adolescente, um adolescente, um jovem adulto... com tudo o que isso implica: amar, cuidar, proteger, libertar.
9ª fase:
Voltamos ao parto, mais concretamente a estas questões de intervir ou não... Deixar andar com todos os riscos que isso pode representar ou provocar, também com todos os riscos das induções.
Não gostava que o meu filho sentisse que o quero expulsar daqui de dentro, porque na verdade não quero, mas trata-se de o ter cá fora, algo palpável, visível, um ser que respira autonomamentesem precisar de mim para isso, que demonstra desejos, que emite sons, que expressa emoções e sentimentos, que é capaz de suscitar em mim um instinto que carrega uma força indescritível e incomparável com qualquer outra condição da natureza que não a de SER MÃE.
Nove meses, nove fases.
Obrigada por me acompanharem aqui, na minha vida, no meu coração.
Já não me apetece sair para lado nenhum. Ontem à noite dei por mim a pensar há quanto tempo não passeio (e não falo de idas ao café ali da esquina ou ao shopping) e chego à conclusão que desde que voltámos de Andorra, nunca mais saímos para lado nenhum, nem que fosse um passeio pequeno tipo aquele que fizémos no Verão. E parece-me que nos próximos 3 meses, no mínimo, também não sairemos...
Eu que sou "um pé de cão" (como se diz na aldeia alentejana da minha mãe) sinto muito a falta de respirar outros ares.
O tempo que está, também não ajuda. E das dores... bom, não sei se são integralmente causadas pelo parasita residente, se há ajuda do S. Pedro.
E que resolvi eu fazer hoje?
Bom... claro que é às prestações que isto aqui não dá para brincadeiras, mas resolvi por ordem nas centenas de cd's e dvd's que andavam espalhados por esta casa (concentrados jundo aos aparelhos leitores mas, sobretudo, empilhados em equilíbrio precário nas estantes do escritório).
Não querem lá ver que tenho ali cerca de 7 dezenas que não imagino sequer o que contêm? Portanto... já se adivinha o que eu e o meu filho passaremos a tarde a fazer: eu a ver um a um para escrever o conteúdo, ele a pontapear-me como quem diz "eiii!!! Olá! Olá! Olá! Olá!" até que fale com ele e lhe dê uns miminhos...
Grávida sofre... :(
Às 35 semanas penso que ainda não estou bem em mim. Ok, já tive quase 8 meses inteiros para me habituar à ideia de que um filho será algo real dentro em breve. Mas NADA me faz estar preparada para isso.
Ontem, dia em que completámos as 35 semanitas, apercebi-me que falta um mês. Mas também me apercebi que se o meu filho for como a Catarina (filha dos nossos amigos Alex e Susana), faltam apenas 2 semanas... É que a Catarina deveria ter chegado dia 18 de Dezembro, mas chegou a 3...
Perante isso alegra-me dizer que:
-o quartinho dele está quase, quase ok (se fosse necessário ficava totalmente ok em menos de uma hora).
-as malas não estão feitas mas está tudo reunido apenas em 2 sítios: num saco para o bébé e numa gaveta para a mãe (se fosse necessário ficavam ok em 10 minutos)
-o fax para a Multicare está enviado desde 5ª feira, pelo que durante esta semana deve haver autorização para o parto (dispensando o valor chorudo da caução)
E ainda (talvez para comemorar):
-ontem os papás tiveram uma excelente notícia: em Março, com a actualização da Euribor, a nossa prestaão desce cerca de um terço do valor total (acreditem... é uma brutalidade de dinheiro).
A mãe encontra-se em contagem decrescente para o 31º aniversário e pede encarecidamente ao filho que não nasça nesse dia (podem achar que tem muita piadinha, mas pensem... quando tiver na fase "doidivanas" quer passar o aniversário dele com os amigos e assim a mãe não tem a cria no seu próprio aniversário...). E entretanto começa a pensar também na saga dos signos:
-Duducas, please... chega em tempos de seres Aquário... :)
Às 31 semanas, a 2 em 1 pesa mais 2,100kg que quando engravidou.
A 2 em 1 está farta.
A 2 em 1 tem muitas dores... por vezes de ir às lágrimas.
A 2 em 1 sente-se pesada, mesmo sabendo que não aumentou quase nada.
A 2 em 1 preocupa-se de cada vez que o parasita está com soluços ( que acontece 2 a 3 vezes por dia) com medo que a criatura esteja a sofrer com isso.
O parasita...
...cá se encontra feliz e contente, possivelmente na engorda, fazendo questão de não me deixar esquecer que em breve estará aqui fora a marcar território.
Ok filho, a mãe também está ansiosa por te conhecer...
E além dos presentinhos pequeninos que lhe vamos comprando (pois o enxoval já está todo), hoje não resisti e comprámos-lhe isto:
Para o aconchegar nos primeiros instantes de vida :)
"Olha... o teu bébé como faz chichi?"
"Dentro da tua barriga está quentinho?"
"Sabes, a minha mãe quando tinha o Gui na barriga estava assim gorda, como tu"
"Tu não precisas de comer duas fatias de bolo porque o teu bébé come do que tu comes!"
"Quando é que vais tirar o bébé?"
"Olha... como vestes o casaco ao teu bébé?"
"Posso fazer umas festinhas?"
"Sabes...eu também tenho um bébé na minha barriga só que está escondido!"
Parece que hoje estamos MESMO a meio.
18 semanas completas. Mais duas e chegamos a meio...
Da mãe:
-não tem tempo para nada.
-positivo mesmo foi o começo da natação.
-está chateada porque ainda não sente o bébé.
Dele:
-tem cerca de 18 cm e pesa cerca de 200grs. (a quantidade de fiambre pré-embalado que o F. compra)
-O crescimento do corpo dele está a começar a acompanhar o crescimento da sua cabecita.
-Os membros inferiores estão a ficar mais compridos e os ossos mais duros.
-As orelhas já quase se podem dobrar e estão na posição correcta.
Vês filho? Já começas a parecer gente...
E para comemorar o 50º aniversário da Chicco, resolveram fazer uma promoção de 30% de desconto nalguns artigos. Este fim-de-semana é em carrinhos e cadeirinhas auto e nós lá fomos comprar a viatura...
Este sem a alcofa. É giro, não é??
Pois é... completamos hoje 16 semanas e parece que este blog se alimenta disso mesmo. A verdade é que não tenho tido muito para contar. Nem muita paciência...
Ora então, às 16 semanas:
-Ando cansada.
-Ando cansada.
-Tenho algumas dores no fundo da barriga e no fundo das costas.
-Ando cansada
-Vejo-me aflita para dormir comodamente, sobretudo porque as mamas me doem imenso.
-Ando cansada.
-Ando cansada.
-Ando muiiiiito cansada.
O Edu:
-mede cerca de 14 cm's (uma fatia de fiambre, portantos)
-pesa cerca de 120 gr (a quantidade de fiambre que compro, portantos...)
-já tem os movimentos do corpo coordenados
-já tem a cabeça erguida
-já pisca os olhos que entretanto se estão a deslocar para o centro da cara (hã filho, vais deixar de parecer um e.t.!!!)
-começam a desenvolver-se as unhas dos dedos dos pés
Ai bébé... Isto ainda está atrasado, faltam muitas semanas e eu que só anseio por te conhecer...
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