Hoje lá fui a caminho do hospital para a consulta de Neurologia. Esperava mais do mesmo e foi mais ou menos isso que aconteceu.
O médico é um indivíduo estranho, um pouco seco (ou pouco simpático) mas para meu grande júbilo, confidenciou-me que a sua área predilecta dentro da Neurologia é a cefaleia. Bingo! Percebi logo que estava no sítio certo e espero não me enganar.
Ao ver o meu processo (uma pasta grande que lá caíu de pára-quedas e que não é mais que uma ficha da minha alta após o parto) disse-me logo:
-Deixe-me adivinhar. Tem dores horríveis e na gravidez esteve óptima.
Pois foi mesmo isso... Parece que é comum. Diz o médico que na menopausa me vou sentir melhor. O farmacêutico aqui da aldeia tem uma sugestão mais simpática- engravidar de novo.
Ora como qualquer uma destas alternativas se apresenta a uma distância temporal demasiado grande para deixar a coisa sem tratamento imediato (sejam 2 ou 20 anos), fez-me uma série de perguntas sobre as características da dor, despistes de coisas menos boas (bendita imagiologia) e tratamentos passados.
Basicamente, as minhas dores de cabeça são mesmo enxaquecas . Deu-me uma folheca com um esquema para assinalar os dias de dor bem como a sua intensidade (diz que é muito importante para traçar uma estratégia) e para já, um medicamento que também me vai ajudar com a pressão arterial e o batimento cardíaco, além de um comprimidinho em SOS que se espera milagroso. Disse ainda que não me quer a beber cafés (autoriza o "um ou dois" que lhe disse tomar diariamente para aguentar as aulas de olhos semi-abertos) pois há pessoas que têm cefaleias precisamente por beber café a mais. Dentro de dois meses quer ver-me de novo.
Só tinha ido uma vez a um neurlogista e não morri de amores por ele. O meu instinto não se engana e soube hoje que andei mais de um ano a tomar uma porcaria de um medicamento que me rebentou o estômago e que não está provado ser eficaz na profilaxia da enxaqueca. Quando muito teria apenas um efeito analgésico nos "dias maus", coisa que não se verificou.
O que mais gostei no homem foi a sua cara impávida e serena quando respondi à pergunta sacramental:
-O que é que toma quando lhe dói?
-Tudo! Tomo qualquer porcaria que me tire a dor!
-Exemplos?
-Anti-inflamatórios, aspirinas, dolviran (aspirina com "aditivo"), tudo o que eu saiba que é analgésico e que apanhe à mão.
Não ralhou, disse que posso tomar o que me tirar as dores, contudo o melhor é mesmo apostar no tratamento profiláctico (diariamente) e num analgésico potente para aqueles dias de caixão à cova que deve ser tomado não no auge da dor, mas quando me apercebo que vai ser uma "daquelas".
Venho então com uma receita na mão que na farmácia descubro estar mal preenchida. Lá no hospital têm uma adoração pela "Lei do Menor Esforço" e as minhas etiquetas de utente não têm o número de beneficiária do SNS. Nelas consta apenas o número da Multicare que não serve para a comparticipação do estado nos medicamentos. Ora como os analgésicos de SOS são sempre baratinhos, lá deixei 14 euricos para três míseros comprimidos. Valem-me os amigos que trabalham nessas coisas das batas brancas e lá ligo a pedinchar uma receita, coisa chata porque oiço logo "e vais tomar isso porquê?". Mas para reaver os trocos da comparticipação estatal (que ainda dá para um almocito no restaurante chique do palhaço sorridente) vale a pena justificar a toma com a lengalenga do costume.
Está feito. As caixinhas repousam ao lado da Nespresso e a folhinha do "diário da nossa paixão" já está encaixada no filofax, pronta a receber o registo diário deste meu fado.
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